Aula de Glide Path (Endodontia)
Aula de GlidePath com Professor Samuel Nogueira
VIII – MEDICAÇÃO INTRACANAL 8.1 Introdução Diversas situações clínicas exigem o emprego de medicação intra canal. Na endodontia, tais medicamentos deverão permanecer ativos durante todo o período entre as consultas do tratamento endodôntico. Esta característica se torna fundamental quando se pensa em casos de processo infeccioso enquanto que diante das polpas vivas esta característica não é tão importante. Objetivos: combater microorganismos, ajudar na desinfecção das áreas não atingidas pelo preparo do canal, moderar a inflamação (biopulpectomia), estimular a reparação, promover a neutralização dos produtos tóxicos. • Colocados na cavidade pulpar entre as sessões operatórias – NUNCA APÓS A OBTURAÇÃO. • Fases do tratamento: o Químico-mecânico: � Instrumentos;
� Soluções irrigadoras; � Medicação intracanal (necrose – principalmente); • Principalmente depois da instrumentação, pois depois de instrumentado o medicamento irá neutralizar a região que está com os microorganismos. � Obturação. 8.1.1 Objetivos Um medicamento pode ser aplicado no interior do sistema de canais radiculares pelas seguintes razões: • Eliminar micro-organismos que sobreviveram ao preparo químico-mecânico; • Impedir a proliferação de micro-organismos que sobreviveram ao preparo químico-mecânico; • Atuar como barreira físico-química contra a infecção ou reinfecção por micro-organismos da saliva; • Reduzir a inflamação perirradicular e consequente sintomatologia; • Controlar exsudação persistente; • Solubilizar matéria orgânica; • Neutralizar produtos tóxicos; • Controlar reabsorção dentária inflamatória externa; • Estimular a reparação por tecido mineralizado. 8.1.2 Propriedades ideais Propriedades ideais da medicação intracanal: antimicrobiana, anti-inflamatória, estimular o reparo tecidual, prevenir ou reduzir a dor, não ser irritante aos tecidos, difusibilidade através da dentina, começar a agir rapidamente, longa ação, agir na presença de restos de matéria orgânica, solúvel em água, uso prático, não manchar os dentes e tecidos moles, baixo custo, tempo de validade prolongado. 8.1.3 Tipos de medicamentos • Voláteis: atuam à distância (sem contato direto com a região); • Cremosos (agem por contato direto); • Líquidos (atuam por contato direto); 8.1.4 Emprego da medicação intra-canal • Medicação preparatória – toda aquela que iremos utilizar antes de instrumentar apical – tempo mais curto de atuação 24-48h; • Medicação de demora: depende do estado patológico da polpa e tempo da medicação intra-canal no canal, FAE do tratamento endodôntico.
• O uso de determinado medicamento intra-canal deverá respeitar o tipo de característica apresentado pela polpa, sendo classificado em: o Polpa viva – biopulpectomia; � Medicação preparatória (otosporin, clorexidina a 2%, hipoclorito de sódio); � Medicação de demora (hidróxido de cálcio). o Polpa morta – necropulpectomia. � Medicação preparatória (formocresol); � Medicação de demora (PMCC (p-monoclorofenal canforado), Clorexidina a 2%, Hidróxido de cálcio (é o favorito) 8.2 Polpa viva – biopulpectomia Geralmente, a infecção em dentes com vitalidade pulpar está restrita à superfície da polpa coronária exposta, sendo que a radicular se encontra apenas inflamada, isenta de microorganismos. Isso porque os mecanismos de defesa do hospedeiro, conquanto a polpa se encontre vital, impedem o avanço da infecção em direção apical. Esse fato se reveste de importância clínica, no que se refera à conduta terapêutica em dentes com polpa vital. Uma vez eliminada a infecção superficial da polpa através da profusa irrigação da câmara pulpar com solução de Hipoclorito de sódio, todos os procedimentos intracanais serão realizados em ambiente asséptico, não infectado. Quando indicados nas biopulpectomias, os medicamentos intracanais recomendados são uma solução de corticoesteroide/antibiótico (ostoporin ou decadron colírio) ou as pastas de hidróxido de cálcio. • Infecção, se pré-existente, não é importante; • Maior problema é a inflamação; • Manutenção da cadeia asséptica; o A medicação precisa ter algum componente que mantenha o canal estéril, não pode ser passível de proliferação microbiana. • Tratamento em única sessão se possível; • Preocupação com a moldagem; • Integridade da região periapical; • Manutenção da cadeia asséptica; • Polpa viva: o Preservação da vitalidade da região periapical. o Estimular a reparação com formação de tecido mineralizado; o Auxiliar no controle da cadeia asséptica; o Impedir a contaminação; o Alívio da dor; o Anti-inflamatória; o Solubilizar matéria orgânica; 8.2.1 Objetivos da biopulpectomia Modular a inflamação do coto periodontal e tecidos das ramificações do sistema de canais. Prevenir dor pós- operatória, evitar contaminação pela restauração provisória, favorecer o reparo apical, ajudar na secagem do canal. 8.2.2 Medicação preparatória: o Alívio da dor em casos de urgências; o Falta de tempo para executar o preparo do canal; o Neutralizar produtos tóxicos presentes em casos de polpa mortificada;
o As principais medicações preparatórias utilizadas são: OTOSORIN, CLOREXIDINA 2% E HIPOCLORITO; o Otosporin (ou decadron colírio): � Medicação preparatória em casos de polpa viva; � Hidrocortisona (antiinflamatório); � Sulfato de neomicina (antibiótico); � Sulfato de polimixina B; � É utilizado para reduzir a inflamação do remanescente pulpar, que poderia resultar em sintomatologia até o retorno do paciente para completa instrumentação. Esse medicamento pode ser acondicionado em tubetes de anestésicos vazios, o que facilita sua aplicação no canal radicular com o auxílio de uma seringa do tipo carpule e agulha G30; � Também empregamos o otosporin nos casos de uma sobreinstrumentação ou em casos de periodontite apical aguda de etiologia traumática ou química, mas não infecciosa. 8.2.3 Medicação de demora • Polpa viva: o Preservar a vitalidade do coto pulpar; moderar a inflamação e dor, favorecer a reparação, combater o microorganismo – para que o coto pulpar estimule um selamento biológico do forame radicular pelo cemento. o Medicamentos: ostoporin (medicação preparatória), hidróxido de cálcio (de demora). 8.2.4 Sequência técnica da BIO: • Anestesia; • Abertura coronária; • Isolamento absoluto; • Irrigação-aspiração com hipoclorito de sódio; • Remoção da polpa coronária; • Exploração (biopulpectomia); • Hemostasia; • Aplicação da medicação intra-canal – Otosporin ou NDP na câmara coronária; o Coloca o otosporin em um pote dapen, inunda o canal e sela com uma bolinha de algodão estéril. • Selamento provisório. 8.3 Polpa necrótica – necropulpectomia Após o preparo químico-mecânico de canais radiculares infectados (casos de necrose pulpar ou de retratamento), impõe-se o emprego de um medicamento intracanal vidando maximizar a eliminação de micro- organismos. Todavia, é imperioso que se remova a smear layer com objetivo de desobstruir o acesso às ramificações e aos túbulos dentinários e, com isso, facilitar a difusão e atuação do medicamento. • Dente despolpado está infectado; • A infecção é o problema principal – gangrena pulpar; • Dificuldade em se estabelecer se há necrose asséptica; • Presença de bactérias e metabólitos – endotoxinas (Gram-negativas); • Deve ser executado a limpeza e modelagem do conduto radicular;
o A alta atividade antimicrobiana. Propriedades analgésicas, antiinflamatórias e antimicrobianas. 8.3.1 Objetivos: • Eliminar remanescentes microbianos do preparo biomecânico; • Modular inflamação dos tecidos periapicais; • Fixar conteúdo inerte do canal; • Neutralizar debris teciduais; • Agir como barreira contra inflamação da restauração provisória; • Ajudar a secar exsudato persistente no canal. • Como escolher a medicação? o Ação por contato: paramonoclorofenol conoforado (PMCC), otosporin, hidróxido de cálcio, clorexidina, hipoclorito; o Ação à distância: tricresol formalina (formocresol); 8.3.2 Medicação preparatória • Formocresol o Pode serchamado de tricresol formalina também, todavia a diferença entre um e outro está na concentração de formalina. Formocresol (19 a 43%) e tricresol formalina (em torno de 90%); o Germicida potente; o Ação neutralizadora e de fixação celular; o Efetivo bactericida contra os microorgansmos anaeróbios; o Formaldeído e cresol – gás produzido pela incompleta combustão do metanol, é solúvel em água, com solução na concentração aquosa de aproximadamente 38 a 40% de formaldeído em
peso, chamado formalina; � Formalina possui ação antimicrobiana através da ação aquilante sobre proteínas e ácidos nucleicos do microorganismo. o Substância altamente irritante aos tecidos vivos – por causa da formalina; o Citotóxicos, mutagênicos e carcinogênicos. o Neutralização de produtos tóxicos. 8.3.3 Sequência técnica • Anestesia; • Abertura coronária; • Isolamento absoluto; • Exploração do canal radicular por terços; • Irrigação-aspiração com hipoclorito de sódio; • Secagem do canal com cone de papel absorvente; • Preencher a câmara pulpar com clorexidina gel 2% ou hipoclorito de sódio 2,5%; • Bolinha de algodão estéril com formocresol; • Selamento provisóio. 8.3.4 Medicação de demora • Polpa mortificada: o Manter saneamento; o Combater microorganismos; o Favorecer reparação. o Medicamentos: PMCC, Clorexidina, Hidróxido de cálcio (é o favorito)
8.3.4.1 Características dos medicamentos de demora • Paramonoclorofenal canforado (PMCC) o Introduzido em 1929; o Utilizado por mais de 70 anos; o Bactericida; o Extremamente citotóxico; o Baixa tensão superficial e elevada penetrabilidade; o Não neutraliza produtos tóxicos; o Grande odor e sabor; o Não atua no LPS (lipopolissacarideos) bacteriano. • Clorexidina o Alta substantividade: associado a um veículo de liberação controlada pode ser utilizado até 7 dias dentro do canal radicular diminuindo significantemente o número de microorganismos; o Ação antimicrobiana imediata; o Amplo espectro antimicrobiano sobre bactérias gram-positivas, gram-negativas, anaeróbias facultativas, aeróbias, leveduras e fungos; o Ausência de toxicidade; o Capacidade de absorção pela dentina e lenta liberação de substancia ativa; o Necessita de mais pesquisas. � TÉCNICA DE USO DA Clorexidina – FOR Unicamp • Clorexidina a 2% em Gel de natrosol (hidroxi etil celulose); • Aplicar com seringa no canal; • Cuidado importante: a associação de NaOCl + Clorexidina resulta em um precipitado que pode pigmentar dentes e raízes – paracloranilina. • Hidróxido de cálcio o SEMPRE DEPOIS DE INSTRUMENTAR O CONDUTO; o Pó branco, alcalino (pH 12,8), inodoro e pouco solúvel em água; o Apresentação em pó branco, fino, inodoro e alcalino; o Propriedades: � Alcalinidade (alta ação antimicrobiana); � Bactericidade; � Antiexsudativo; � Indutor de calcificação; � Inibidor de reabsorção – impede a reabsorção óssea durante a lesão periapical. o Veículos: � Uma vez que se encontra em forma de pó, o hidróxido de cálcio deve ser associado a uma outra substância que permita sua veiculação para o interior do sistema de canais radiculares. Idealmente, os veículos devem possibilitar a dissociação iônica do hidróxido de cálcio em íons cálcio e hidroxila, uma vez que suas propriedades são dependentes de tal dissociação. Essa dissociação poderá ocorrer de diferentes formas, grau e intensidade, dependendo de outras substâncias que entram na composição da pasta. � Aquosos: dissociação extramamente rápida, havendo mais difusão e contato com tecidos e microorganismos; • Ex: água destilada, soro fisiológico, solução anestésica; User Realce User Realce
� Viscosos: dissociação mais lenta; • Ex: glicerina, polietilenoglicol e propilenoglicol; � Oleoso: óleo de oliva • Diferença entre aquoso e oleoso: dissociação no veiculo aquoso é mais rápida (dos íons cálcio hidroxila ....) Quando quero liberação mais lenta colocamos um veículo viscoso. � Inertes (só servem pra que haja dissociação em íons de cálcio hidroxila): água destilada, soro fisiológico, as soluções anestésicas, solução de metilcelulose, óleo de oliva, glicerina, politilenoglicol, propilenoglicol, natrosol; � Biologicamente atibvos: PMCC (com hidróxido de cálcio) a clorexidina e o iodeto de potássio iodetado; Veículo Tempo de ação Água destilada 48h a 7 dias Propileno glicol Em torno de 21 dias Óleo de oliva Em torno de 6 meses o Colocação das pastas de hidróxido de cálcio � Movimentos de vai e vém; � Instrumentos endodônticos; � Lentulo (sentido horário); � Sistema Calen – seringa + agulha 27 G longa o Modo de inserção: � Lentulo: inserir entrando 3mm aquém ao comprimento real de trabalho � Limas: entrar no comprimento real de trabalho; o Calen (indicada para casos de necropulpectomia) � Hidroxido de cálcio PA 2,5g; � Oxido de zinco 1g; � Colofôna 0,05g; � Polietileno glicol 400 – 1,75 ml; o Técnica – emprego da pasta de hidróxido de cálcio � Canal radicular modelado; � Aplicação de EDTA; � Secagem do canal; � Selamento duplo hidróxido de cálcio, bolinha, guta-percha – cimento provisório. CANAL BIOPULPECTOMIA NECROPULPECTOMIA Totalmente instrumentado Obturação Hidróxido de Cálcio Cloreidina Gel Hidróxido de cálcio + PMCC Clorexidina Gel Parcialmente intrumentado Algodão estéril Otosporin Tricresol formalina Hipoclorito de sódio 2 a 2,5% 8.4 Selamento Coronário • Polpa viva o Canal parcialmente instrumentado: � Algodão estéril + otosporin. o Canal completamente instrumentado:
� Algodão estéril; � Hidróxido de cálcio + veículo. • Polpa morta: o Canal não instrumentado: � Algodão estéril com tricresol formalina ou; � Hipoclorito de sódio 2 a 2,5% inundando os canais radiculares. o Canal totalmente instrumentado: � Hidróxido de Cálcio + P-monoclorofenal + Veículo; � Remoção da smear layer (EDTA 5 minutos); � Remoção do EDTA com hipoclorito de sódio 2 a 2,5%; � Remoção do hipoclorito de sódio com soro fisiológico; � Preenchimento dos canais com pasta de hidróxido de cálcio + P-monoclorofenal ou HIPG. 8.4.1 Pasta para selamento • Necrose pulpar: H (substância principal) I(radiopasidade) P (aumentar atividade antimicrobiana) G (veículo); o Pasta com hidróxido de cálcio (H), iodofórmio (I), P-monoclorofenal (P) e glicerina (G) • Pó: 3 partes de hidróxido de cálcio P.A. + 1 parte de iodofórmio: • Líquido: glicerina + PMCC em partes iguais; • Lentulo (sentido horário) e coloca no conduto; • Bola de algodão; • Guta percha em bastão; • Cotosol por cima; • Radiografar. • Informações do HIPG: o Da radiopacidade a aumenta as prop antibaterianas da MIC, casos persistentes, lesões refratarias, ppossivel resposta alérgica o Causa escurecimento dental por causa do iodofórmio • Sequência técnica de aplicação da HIPG: o Aplicação de pasta medicamentosa com espiral lentulho (pra direita): o Verificar se o motor de baixa rotação está girado à direita; o Introduzinr a lentulo no canal com o motor desligado; o Profundidade aproximadamente 3 mm da região apical; o Acionar o pedal da baixa rotação. • “Durante ot tratamento devem ser empregadas substancias que irão combater não somente a infecção remanescente na luz e paredes do canal radicular, mas principalmente aquela situada profunda e difusamente pela estrutura do dente. Áreas estasinacessíveis ao preparo biomecânico e ao sistema de defesa do organismo”. • Não pega em biofilme bacteriano – não é sempre. 8.4.2 Material selador provisório • Cavidads pequenas: tempo curto o Bioplic – fotopolimerizável; o Cotosol: presa com umidade;