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domingo, 5 de março de 2017

O que é um Freio Lingual?

O freio lingual é uma prega mediana de túnica mucosa que recobre a face lingual da crista alveolar anterior.1 A alteração ocorre quando uma pequena porção de tecido embrionário, que deveria ter sofrido apoptose durante o desenvolvimento, permanece na face ventral da língua, causando alterações de inserção e/ou comprimento.2 A alteração nesta estrutura pode se manifestar de diversas formas, desde uma prega que tem a inserção na crista alveolar até a que surgirá após as carúnculas sublinguais. O mesmo ocorre com a inserção na base da língua que pode estar inserida no ápice lingual ou antes dele. Esta alteração no freio da língua é denominada de anquiloglossia e popularmente conhecida como língua presa.3-5 Aspectos relacionados ao diagnóstico variam conforme o referencial teórico utilizado, baseando-se, na sua maioria, em critérios anatômicos relacionados à cavidade bucal na apresentação do freio lingual como curto e espesso. Há menção ao formato de “coração” e aos aspectos funcionais, entretanto não há um protocolo validado para avaliação de crianças em idade pré-escolares ou maiores.4 No Brasil há um consenso entre fonoaudiólogos para utilização de um protocolo que está em processo de validação.6 A prevalência da alteração do freio lingual pode variar conforme os critérios diagnósticos estabelecidos, dado que na literatura não há um consenso sobre o mesmo, sendo que os estudos indicam uma variação de 0,1 a 10,7%.4,7 A etiologia é desconhecida, mas há predomínio desta alteração no gênero masculino e quando há histórico positivo da alteração na família.4 As alterações funcionais vão depender da idade da crian- ça. Sabe-se que em muitos casos a alteração do freio da língua pode prejudicar o aleitamento materno; após, a aquisição de outras funções orofaciais, como a mastigação e a deglutição. E, por fim, alterar a aquisição e produção de alguns sons na fala ou até mesmo em comprometimentos sociais. As alterações mais comumente encontradas são a redução ou inabilidade na mobilidade da língua (principalmente a vibra- ção), a imprecisão articulatória devido a redução da abertura da boca e a dificuldade na aquisição ou produção distorcida do fonema [r] e dos grupos consonantais com [l] e com [r], além da distorção para os fonemas fricativos.3,5 A técnica cirúrgica envolve procedimentos simples e pode ser facilmente realizada em consultório odontológico. Sob a anestesia local do nervo alveolar inferior e lingual, insere-se um fio de sutura no ápice da língua para que seja realizado o tracionamento. É realizada então a secção da porção mais fina deste tecido localizada entre o processo alveolar e o dorso da língua. Por fim, é realizada a sutura e o paciente permanece sob avaliação.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Periodontal Screening and Recording (PSR) ou Registro Periodontal Simplificado (RPS)

Em 1992, a Associação Dental Americana (ADA) em associação com a Academia Americana de Periodontologia (AAP), sob o patrocínio da Procter & Gamble, desenvolveram o Periodontal Screening and Recording (PSR) ou Registro Periodontal Simplificado (RPS), uma modificação do CPITN8.
O RPS tem sido amplamente difundido, devido ao seu objetivo de avaliar de forma rápida e simples as condições periodontais dos indivíduos, tanto para identificar a saúde periodontal como problemas periodontais. Para tal exame, a boca é dividida em sextantes e a sondagem é realizada em 6 pontos para cada dente: mésio-vestibular, médio-vestibular, disto-vestibular, mésio-lingual/ palatino, médio-lingual/palatino e disto-lingual/palatino, sendo anotado em uma ficha clínica (Figura 1) o escore mais alto do sextante8.



A sondagem é realizada através de uma sonda periodontal (Figura 2) modelo 621 determinada pela OMS (WHO-621), a qual apresenta em sua extremidade uma esfera com 0,5mm (considerada atraumática e de maior confiabilidade na detecção de sangramento gengival) e, uma faixa colorida presente entre as mensurações de 3,5 a 5,5mm9.



A faixa colorida é a base para determinação dos códigos, que variam de 0 a 4, os quais o RPS estabelece como forma de avaliação da condição periodontal do paciente. Anteriormente, a sondagem era realizada em seis sítios, nos chamados "dentes-índices" de cada sextante (dentes-índices: 17-16, 11, 27-26, 37-36, 31 47-46), os quais eram tidos como dentes representativos daquela região oral. Para efeito de análise é considerado para cada sextante o código de maior valor7. Contudo, outros autores preconizam a técnica de que todos os dentes presentes devem ser examinados nos seis sítios, registrando na ficha clínica apenas o código mais grave referente ao sextante10. Ressalta-se que todos os dentes devem ser examinados individualmente, até mesmo os implantes5. Um estudo comparando a utilização do RPS segundo o método de registro ("dentes-índice" ou todos os dentes) sugeriu a aplicação deste índice através do método total, onde todos os dentes dos indivíduos devem ser examinados.





Fonte: 

Mylena Rafhaele Gomes de Oliveira I; Marcia Rosana Farias de Oliveira II; Jussiara Élcia Gomes Rodrigues II; Eduardo Sérgio Donato Duarte FilhoIII. RPS (REGISTRO PERIODONTAL SIMPLIFICADO): MÉTODO RÁPIDO E SIMPLES NA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DA DOENÇA PERIODONTAL. Odontol. Clín.-Cient. (Online) vol.14 no.1 Recife Jan./Mar. 2015

domingo, 1 de maio de 2016

Classificação das Retrações Gengivais



Inicialmente Sullivan e Atkins (1968), classificaram as recessões em: rasas e estreitas, rasas e largas, profundas e estreitas e profundas e largas. Os autores basearam-se apenas em uma avaliação subjetiva, que gerava dúvidas com relação ao prognóstico. Por outro lado, a classificação preconizada por Miller (1985), baseiase em medidas entre a margem gengival, a junção mucogengival e a perda óssea interdentária. Dessa maneira, a classificação de Miller permite uma maior precisão no prognóstico com relação à previsibilidade de cobertura radicular. Sendo assim, segundo Miller (1985), as recessões podem ser classificadas em: 


Classe I - recessão do tecido marginal que não se estende até a junção mucogengival. Não há perda de osso ou de tecido mole interdentais. Previsão de 100% de cobertura radicular; 


Classe II - recessão do tecido marginal se estende até ou além da junção mucogengival. Não há perda de osso ou tecido mole interdentais. Previsão de 100% de cobertura radicular; 


Classe III - recessão do tecido marginal se estende até ou além da junção mucogengival. A perda de osso ou tecido mole interdentais é apical em relação à junção cemento-esmalte, porém coronária à extensão apical da retração do tecido marginal. Previsão de cobertura radicular parcial; 


Classe IV - recessão marginal se estendendo além da junção mucogengival. A perda do osso interdental se estende até um nível apical em relação à extensão da retração do tecido marginal. Não há previsão de cobertura radicular pelos métodos cirúrgicos convencionais. 

Fonte: http://ns.abopr.org.br/imagens/biblioteca/1267126122.pdf
Fonte da Foto: http://odontoup.com.br/wp-content/uploads/2013/10/Classe-II.png

quarta-feira, 12 de junho de 2013

ENDOCARDITE BACTERIANA E DOENÇA PERIODONTAL: UMA IMPORTANTE ASSOCIAÇÃO PARA O CIRURGIÃO-DENTISTA


Autor: Mateus Queiroz Freire Leão*; Universidade de Pernambuco-UPE
Co-Autores:
Allan Vinícius Martins de Barros; Universidade de Pernambuco-UPE
Raquel Aragão Maciel; Universidade de Pernambuco-UPE
Wallid Carlos do Nascimento Silva; Universidade de Pernambuco-UPE
Orientador: Eduardo Sérgio Donato Duarte Filho**; Universidade de Pernambuco-UPE


Caracterizada pela infecção do endotélio cardíaco, a endocardite bacteriana é uma doença rara, mas que pode provocar graves sequelas e até mesmo a morte. Iniciada por uma bacteremia transitória tem o potencial de comprometer as estruturas endocárdicas, principalmente as valvas cardíacas. Dados epidemiológicos estimam que a incidência da doença seja de 25 a 50 novos casos a cada milhão de habitantes, sendo mais prevalente em pessoas de baixo nível socioeconômico e cultural, do sexo masculino, com idade entre 47 e 69 anos e com histórico de cardiopatias. De acordo com a etiopatogenia da endocardite bacteriana, é possível estabelecer uma associação com a doença periodontal, visto que bactérias patogênicas com alto grau de virulência presentes no periodonto comprometido podem migrar para a circulação sistêmica e, desta forma, alcançar o endocárdio, bem como outros órgãos e tecidos. Com base no exposto, o presente estudo buscou elucidar a provável relação causal existente entre a doença periodontal e a endocardite bacteriana, de forma que torne possível a orientação do cirurgião-dentista quanto aos procedimentos odontológicos que possam vir a desencadear processos inflamatórios sistêmicos, bem como explicitar o uso da profilaxia antibiótica (classicamente, 2g de Amoxicilina, 1 hora antes do procedimento ou, para pacientes alérgicos, a opção da Clindamicina, por exemplo). Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico direcionado à pesquisa no banco de dados Lilacs e aporte a livros-texto; analisou-se três artigos científicos encontrados na referida base de dados, sob os idiomas português e/ou inglês, contendo o descritor “Endocardite Bacteriana”, publicados entre 2007 e 2013 e que, em consonância, apresentassem discussão sobre: correlação da endocardite bacteriana com a doença periodontal, sua profilaxia e as novas orientações frente ao problema. 



Por ser um processo inflamatório, a doença periodontal acaba por comprometer a integridade dos tecidos, causando reabsorção óssea, aumento da profundidade do sulco gengival e sangramentos, aumentando as chances de uma possível bacteremia e suas consequentes implicações cardiovasculares. Doenças cardíacas reumáticas, diabetes, prolapso da valva mitral com regurgitação, defeitos congênitos em válvulas, valvas cardíacas protéticas, histórico de endocardite bacteriana prévia e doenças do colágeno envolvendo o endocárdio constituem os principais fatores de risco para a endocardite bacteriana. Atualmente, fica evidente a associação entre a doença periodontal e a endocardite bacteriana tanto pela bacteremia por microorganismos com um alto grau de virulência, como pela ocorrência dos sangramentos. Há evidência de que o sangramento gengival em um paciente periodontal, causado por procedimentos rotineiros como a escovação dentária (que pode romper o fino epitélio da mucosa oral), está mais associado ao risco de endocardite bacteriana do que procedimentos cirúrgicos duradouros entre 30 e 60 minutos, ou seja, a exposição cumulativa à bactéria poderá ser maior em procedimentos diários do que cirúrgico-odontológicos. Portanto, deve-se destacar a importância da prevenção da doença periodontal, um problema altamente incidente e prevalente na população, não só pelos males susceptíveis à boca, como também por vários comprometimentos sistêmicos, como a endocardite bacteriana que, mesmo com a evolução dos procedimentos antibiótico-profiláticos, ainda possui altas taxas de mortalidade. Dessa forma, o cirurgião-dentista deve estar atento à aplicação de métodos preventivos eficientes contra bacteremias, desde uma boa higienização da cavidade oral e tratamento clínico da doença periodontal a uma profilaxia antibiótica em pacientes odontológicos com risco para a doença.


Palavras-chave: Endocardite Bacteriana, Doenças Periodontais, Antibioticoprofilaxia, Assistência Odontológica Integral, Bacteriemia.



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Endereço para correspondência: Rua Sebastião Cristino Bezerra, Bairro São Cristovão, 606, Arcoverde - PE