(SILVA, 2017)
Os sialolitos são patologias comuns das glândulas salivares que se caracterizam pela
obstrução da secreção salivar por um material mineralizado, acometendo a glândula ou
seu ducto excretor. A quantidade de pessoas acometidas por esta doença é de 12 pessoas
em 10001. Em um levantamento epidemiológico realizado nos arquivos de Patologia Bucal
da Faculdade de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil, Canoas/RS, foi avaliada
a prevalência de diagnósticos histopatógicos de lesões bucais biopsiadas na disciplina de
Estomatologia. Do total de 430 casos, obtidos no período entre março de 1994 a julho de
2002, 31 casos se enquadravam nas patologias de glândulas salivares. Destes 31 casos, apenas
02 casos (6,5%), eram de sialolitíase2. Em uma pesquisa exploratória nos arquivos e
laudos histopatológicos do Serviço de Diagnóstico Histopatológico de Lesões Bucais da
Faculdade de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí/ SC, no período de agosto
de 2002 até outubro de 2005, foram encontrados um total de 173 casos de lesões bucais,
onde 24 casos eram de lesões de glândulas salivares, sendo que destes, somente 01 caso
era de sialolitíase3.
Do total de uma análise feita em 213 prontuários pertencentes ao banco de dados
da Clínica de Semiologia da Universidade da Cidade de São Paulo (UNICID), no período
de 2003 a 2008, foram-se obtidos 178 diagnósticos onde apenas 01 foi de sialolitíase4.
Os sialolitos são formados por dois componentes: um orgânico que compreende as
glicoproteínas, mucopolissacarídeos, lipídios e restos celulares e outro inorgânico os quais
participam a apatita carbonada, sais de cálcio e diversos tipos de fosfatos, entre eles, ferro,
cobre, zinco e magnésio. No lúmen do ducto salivar ocorre a deposição dos sais de cálcio
em torno dos restos orgânicos, porém, até os dias atuais, ainda não existe um consenso
sobre a exata etiologia do cálculo salivar5.
Os fatores que permitem a mineralização da matriz orgânica são: o aumento do pH,
este que favorece a precipitação do fosfato de cálcio na saliva; aumento da concentração
de mucina na saliva e sua capacidade de transporte de cálcio e também pela alteração do
ambiente íon saliva6.
Os sialolitos não estão associados a nenhuma doença sistêmica ou metabólica, entretanto
fatores locais, como trauma, podem levar a mudanças inflamatórias na glândula
afetada, desencadeando o processo7.
A sialolitíase pode ocorrer em qualquer glândula, porém, há uma predileção maior
pela glândula submandibular. Quando comparada a glândula submandibular com a parótida,
observa-se que a primeira apresenta particularidades que favorecem a formação do
cálculo, além de que seu ducto, Warthon, é mais longo e possui diâmetro maior que o de
Stenon8,9. O sistema ductal da glândula submandibular é o local de maior ocorrência (80 a
90%) devido a glândula submandibular se localizar topográficamente inferior ao seu canal
excretor10,11. Shafer et al.12 (1987) e Nahlieli et al.13 (2000), afirmam que a sialolitíase acomete
principalmente o sexo masculino. Segundo Cawson & Odell14 (1998), os homens são
afetados duas vezes mais que as mulheres e crianças são raramente afetadas. Porém, para
Castro15 (1995), a predileção ocorre pelo sexo feminino e pela raça branca discordando de
Kawakami et al.16 (1997), que afirma que a sialolitíase ocorre preferencialmente em homens,
na faixa etária entre 30 e 40 anos de idade e que não se observa predileção por raça. Esta patologia acomete principalmente a glândula submandibular devido ao fato da saliva ser
mais alcalina e viscosa e também pela predisposição do ducto de Wharton apresentar um
longo trajeto e estreito orifício17,18. A severidade da sintomatologia varia de acordo com o
grau de obstrução do ducto ou da glândula, levando-se em conta a localização e o tamanho
do cálculo, sendo que, quando localizado no interior da glândula, tende a causar sintomas
menos graves, porém, se o ducto for ocluído ocorrerá sialodenite com infecção.
A sintomatologia é descrita como episódios recorrentes de aumento de volume da
glândula, dor, edema, febre associada à inflamação local, xerostomia, drenagem de secreção
purulenta pelo orifício do ducto da glândula. Os sintomas da sialolitíase são sugestivos
de diagnóstico, sendo que a dor pode ser apenas um dos sintomas, podendo ocorrer em
83% dos casos19 (Figura 1).
Segundo Lima et al.20 (1995) o diagnóstico diferencial da sialolitíase pode ser feito
com sialoadenite obstrutiva, parotidite epidêmica e tumores de glândulas salivares. O
tratamento varia de acordo com a localização e posição do sialolito. Existem tratamentos
conservadores que visam a eliminação do sialolito sem a necessidade de procedimentos
cirúrgicos como, por exemplo, a fisioterapia com calor, bochechos com limão e água ,
massagem glandular, hidratação do paciente, cateterismo e dilatação do ducto glandular,
além do uso de sialogogos para estimular a produção de saliva. A sialolitíase pode
recorrer, necessitando de nova abordagem terapêutica16.
Quando os tratamentos conservadores não surtirem efeito é necessária, muitas
vezes, a intervenção cirúrgica. A escolha do tratamento vai depender principalmente da
localização do cálculo salivar. Para sialolitos localizados próximo ao óstio, o cateterismo
e a dilatação de conduto auxiliam, permitindo sua remoção. Para os sialolitos localizados na metade
anterior do ducto, estes necessitam de uma intervenção cirúrgica e para os localizados na porção
posterior do ducto ou intraglandulares, por vezes, obrigam a remoção total da glândula afetada.
Para detecção de cálculos nas glândulas submandibulares e sublinguais, o exame radiográfico solicitado
nesse caso é o mais indicado21 (Figuras 2 - 7).
Atualmente o melhor método para fazer a confirmação de uma sialolitíase é a
ultra-sonografia, a qual substituiu a sialografia22. A tomografia computadorizada (TC) é o exame mais apurado e geralmente é indicada em casos complexos, para obter diferenciação e localização em casos de existência de múltiplos cálculos, porém, se torna um exame de custo elevado e, muitas vezes, desnecessário para patologias mais simples, como sialolitíases. Tumores exigem exames por imagens, mais complexos, como por exemplo, a TC, a imagem por ressonância magnética (IRM), ou até mesmo a angiografia 23-25.
Fonte: SILVA, Soluete Oliveira da. Sialolitíase: revisão de literatura e levantamento de casos. Disponível em: . Acesso em: 07 mar. 2017.
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